Um fator imprescindível para o ato avaliativo, seja ele de diagnóstico contínuo ou de classificação, é o alinhamento da avaliação ao currículo escolar. O currículo é o mecanismo responsável por especificar a essência do que será abordado a cada período de tempo, como que em um contrato educacional entre a escola e seus alunos. Para tanto, o alinhamento curricular deve refletir a coerência entre objetivos de aprendizagem (habilidades), procedimentos metodológicos (atividades e materiais didáticos) e procedimentos de avaliação. Importante também salientar, o alinhamento dos instrumentos avaliativos sobre o que foi ensinado, tanto em termos curriculares quanto em termos de como foram operacionalizados em aula.
Grounlund (1979) divide as aprendizagens entre de “domínio” e de “desenvolvimento”. Nessa abordagem, a aprendizagem de domínio determina as habilidades mínimas a serem ensinadas e aprendidas dentro de um determinado assunto em um determinado nível de desenvolvimento escolar (faixa etária ou ano). Para ela - que deve ser considerado um direito do estudante - os docentes devem investir todos os esforços, de modo a garantir que todos os alunos tenham domínio sobre esse assunto. Complementar a isso, está a aprendizagem de desenvolvimento, em que os estudantes podem explorar o que podem fazer com esses conhecimentos adquiridos e assentados, aplicados na análise de problemas do dia-a-dia.
Outro aspecto importante é a diversidade dos diferentes saberes curriculares, que faz com que diferentes instrumentos sejam aplicados em cada contexto disciplinar. Embora o preenchimento de folhas de respostas de múltipla escolha tenha grande importância e forneça conveniência, ela falha em registrar outros tipos de comportamentos que sejam objetos de avaliação por parte do professor em um determinado contexto disciplinar. Todos os meios relevantes para a coleta de dados devem ser empregados: observações de peças artísticas, cálculos matemáticos para construções, produção de textos no desenvolvimento literário, dentre outros.
Sabemos que a função social da escola não é apenas formar para o mundo competitivo, mas sim, formar o indivíduo de modo integral, preparando-o dentro de outras dimensões da personalidade humana. Por essa razão, os pressupostos da avalição mudam quando visam às possibilidades individuais de cada um e não apenas a seleção daqueles que são considerados mais aptos. Dentro dessa perspectiva, a avaliação deixa de ser algo estático e passa a ser um processo dinâmico de aprendizagem. No exemplo do trabalho de artes, podemos registrar cada etapa da criação da peça - de modo a compor uma representação narrativa de seu fluxo de criação. Como cada área tem suas particularidades avaliativas, encorajamos o constante aperfeiçoamento por parte dos professores para que o ato investigativo de avaliar seja refinado para o diagnóstico de cada dificuldade que possa ser observada junto aos alunos.
Referências
Grounlund, N. E. (1979). Elaboração de testes para o ensino. Livraria Pioneira Editora, São Paulo.